Na verdade está havendo um endeusamento do movimento reformado que aconteceu no século XVI, e muitos tem ditado sua vida cristã pautada em escritos dessa época e não na palavra de Deus. Eu tenho a impressão que se alguém não conhece os pregadores reformados, não conhece a Deus, se não cita em seus sermões ou livros ao menos uma frase de Spurgeon, Calvino, Piper, dentre outros, não é doutrinariamente correto, a verdade é que estão valorizando mais os “reformadores” do que os apóstolos da igreja primitiva. Já canonizaram seus livros e eu não estou sabendo? Tenho visto muito mais frases de livros do século XVI e XVII sendo compartilhadas aos montes, e em número bem menor versículos da bíblia sagrada, e tenho certeza que se estivessem vivos os próprios citados diriam aos que os citam: “sola scriptura”, ou só a escritura.
A vontade de reformar o sistema gospel moderno é legítima, porém quais meios devemos usar? Até que ponto estamos errados? Até que ponto os escritos pós reforma estão alinhados com a palavra de Deus? Por que os moralistas modernos se referem mais ao movimento reformado do que aos escritos apostólicos? Acho que a resposta à estes questionamentos nos farão pensar melhor sobre esta supervalorização que estão dando à valores cristãos construídos naqueles tempos, afinal, até mesmo na bíblia sagrada tem conselhos e mandamentos que foram dados devido ao tempo em que os irmãos estavam inseridos, como por exemplo, o cumprimento com ósculo santo que foi exigido em pelo menos cinco vezes na bíblia (Rm 16.16, I Co 16.20, II Co 13.12, I Ts 5.26, I Pe 5.14), isso pra citar apenas um exemplo, mas teríamos outros, como os que se referem ao comportamento das mulheres na igreja, etc.
Outro ponto importante que precisamos considerar, é se de fato este movimento, que sim, foi importante, mudou tudo que seria necessário. Eu diria que não, e vou citar somente dois exemplos: 1) algumas igrejas evangélicas que surgiram naquela época, continuaram a batizar crianças, não considerando o princípio fundamental do batismo que era realizado por João Batista após o arrependimento do pecado (Mt 3.6), continuaram a seguir a tradição católica. 2) Segundo exemplo claro, é que não puseram em evidência os dons espirituais, erro que seria menos evidente se não afirmassem que os milagres realizados ficaram na era apostólica. Devemos observar ainda que longe estão muitos dos cristão que viveram este tempo, de serem exemplo pra igreja moderna, visto que é conhecido da maioria das pessoas as brigas, discussões e até mortes que houveram por disputas teológica, isso não me parece nada cristão! Exemplo de cristãos foram os da igreja primitiva.
Não posso concluir sem dizer que vivemos o tempo da “modinha reformada”, ou seja, se você é um reformado é um verdadeiro cristão, se não é, é apenas um religioso que está negociando a fé das pessoas. Isso é uma falácia! Uma aberração! Me surpreendi com um pregador que bate tanto nas “músicas gospel” (como ele gosta de chamar), mas usa o “mercado gospel” por ele tão combatido pra vender seus livros, só faltando afirmar com todas as letras: “- CD não é de Deus, livro sim”. Poupe-me! Não o condeno por vender seus livros, porém acho incoerente ele usar a mesma máquina que ele bate, pra ganhar dinheiro também, ou será que ele fez voto de pobreza e a arrecadação com a venda dos livros será completamente doada aos pobres?
Meus irmão, vamos tomar muito cuidado para não tornarmos divino o que não é, e da mesma forma não darmos conotação demoníaca ou carnal ao que provém sim de uma devoção sincera. Todo extremismo é perigoso. O padrão do servo de Deus não deve ser dado pelo que eu penso sobre um determinado assunto, o perfil do cristão não pode ser formado pelos escritos de Spurgeon, Calvino, John Burian, e outros, que sim, foram homens de Deus, porém erraram também em seus escritos, pois a única que não erra é a bíblia sagrada, ela sim é a Palavra de Deus na terra.
Julio Teodorico.
